O espaço escolar como criação e crescimento
Brasilda dos Santos Rocha
2015 - 2ª edição
Editora Arte e Ciência
258 páginas
Por R$55,00 ou U$20
Este trabalho constitui um estudo voltado para a intervenção em crianças, visando a fortalecer sua “saúde psíquica”. Tem objetivos teórico-práticos que abordam a discussão das hipóteses levantadas por alguns autores, que utilizam o brincar como forma de prevenção em saúde mental.
Nosso propósito nesta pesquisa foi introduzir na realidade educacional a utilização de brinquedos com finalidades pedagógicas e profiláticas, para promover a evolução da criança.
Nossa preocupação primordial consistiu em introduzir na realidade educacional a utilização de brinquedos com finalidades pedagógicas e profiláticas, para recuperar com o lúdico, a energia vital da escola, dos professores e dos alunos.
A origem desta pesquisa situa-se no trabalho que desenvolvemos em supervisão e formação de profissionais que atuam na área escolar, com crianças e adolescentes portadores de distúrbios de comportamentos (agressividade, falta de concentração), expectativas frente a uma situação nova (mudança: de série, de professores ou de período), falta de motivação, fobias, apatia, ansiedade elevada, inseguranças... Essa atuação nos apontou a necessidade de trabalhos, que possam contribuir para intervir na realidade escolar.
Percebemos os nossos limites como psicólogos clínicos, a restrição no campo social para o trabalho, mas o desejo de ampliar a técnica reichiana num campo social, que é a realidade educacional, na qual a criança passa muitas horas de seu dia, motivou o enfrentamento do desafio.
Em nosso trajeto de atuação clínica, percebemos mediante o contato com os professores, a sua carência de conhecimentos para atingir o psiquismo da criança e, ao mesmo tempo, percebemos na prática clínica a necessidade de trabalhos que possam favorecer crianças que atualmente não podem frequentar clínicas, mas que necessitam organizar seu mundo interno para que alcancem as metas do aprender.
Muitas crianças da primeira série, já se encontram alfabetizadas, mas castradas no seu desejo do brincar. É um corte abrupto, na sua infância, de um desejo tão necessário em troca da aquisição do simbolismo da leitura e da escrita, efetuado de forma massacrante.
Em decorrência desse processo se pode constatar a desmotivação da criança para a escolaridade, assim como quadros de fobias, mais acentuados em determinadas escolas, como agressividade e outras queixas que perturbam intensamente o cotidiano da criança.
Nossa proposta de trabalho está norteada por pressupostos reichianos, baseando-se no conceito da fórmula da vida, associados a conceitos simbólicos e significados dos brinquedos, a fim de que o profissional no contexto educacional possa ter um papel ativo diante do educando para direcionar o fluxo energético.
Como psicólogos atuando em saúde mental infantil, deparamo-nos diariamente com o conflito: criança e escola, que se mostra através da dificuldade que a criança encontra na aquisição de um novo conhecimento e a sua falta de motivação para ele. Em contrapartida, confrontamo-nos com a escola e os professores, cuja meta é transmitir esse conhecimento para uma criança que não apresenta o desejo do saber.
Como temos consciência dos conflitos psíquicos apresentados anteriormente ao processo de aprendizagem, formados no desenvolvimento da personalidade, constatamos a impossibilidade de muitas crianças para a aquisição da alfabetização, por se apresentarem bloqueadas, ou seja, não terem espaço psíquico para novas aquisições.
Com essas demandas, nosso enfoque pretendeu efetuar uma proposta de técnicas facilitadoras da aprendizagem, visando a criança e sua relação com o professor, que podem estar sincronizados nessa relação, para que o processo ocorra.
Nesse sentido, o que visamos foi a criação de condições para a criança brincar no contexto escolar, direcionando o fluxo libidinal ou energético, por meio do lúdico e propiciando ansiedades necessárias para o desenvolvimento psíquico da criança. Para atingir esse objetivo, entendemos que o educador também deve sentir e vivenciar o brincar, para ter consciência de que o brinquedo representa o corpo e de que a criança está fusionada a essa energia e de que o papel do educador é apenas de facilitador para que ocorra esta transfusão de energia através do brincar.
Este trabalho teve como proposta descongelar a energia vital do educador conjuntamente com a criança, com o uso de técnicas facilitadoras do processo de aprendizagem, para maior satisfação nas atividades e diminuição das ansiedades naturais do desenvolvimento psíquico, tornando-as capazes de mobilizar a energia nos níveis psíquico e somático.
Como fazemos uma associação do fluxo libidinal com o brincar, estamos capacitando o organismo a ampliar sua capacidade energética.