Brinkando na escola: O espaço escolar como crianção e crescimento

“Brinkando na escola: O espaço escolar como crianção e crescimento”

 

Resumo

Este trabalho constitui um estudo voltado para a intervenção em crianças, visando a fortalecer sua “saúde psíquica”. Tem objetivos teórico-práticos que abordam a discussão das hipóteses levantadas por alguns autores, os quais utilizam o brincar como forma de prevenção em saúde mental. Nosso propósito nesta pesquisa foi introduzir na realidade educacional a utilização de brinquedos com finalidades pedagógicas e profiláticas, para promover a evolução da criança.

 

Introdução

No presente trabalho apresentamos técnicas facilitadoras para o processo da aprendizagem, por meio de atividades lúdicas do brincar, em crianças da primeira série do ensino fundamental, com o objetivo de favorecer a evolução psíquica e o seu desenvolvimento.

Nossa preocupação primordial consistiu em introduzir na realidade educacional a utilização de brinquedos com finalidades pedagógicas e profiláticas, para recuperar com o lúdico, a energia vital da escola, professores e alunos.

 

Método

O percurso que efetuamos para alcançar esse objetivo passou por procedimentos específicos em cada etapa do trabalho.

Abordar formas de intervenção e práticas que possam favorecer a aprendizagem e principalmente resgatar o prazer na relação escola

A primeira etapa, efetuada por psicólogos consistiu em um treinamento com os professores das primeiras séries do primeiro grau, para que esses pudessem funcionar como facilitadores do processo de aprendizagem. Essa atividade visou fornecer aos professores conhecimento e consciência do significado do brinquedo e das brincadeiras. Ofereceu, ainda, subsídios sistematizados sobre as técnicas que foram utilizadas. Essa etapa foi orientada e supervisionada por profissionais psicólogos.

A segunda etapa do trabalho foi a intervenção propriamente dita dos professores com os alunos, intervenção baseada no treinamento da primeira etapa.

Este estudo visou criar condições para a criança brincar no contexto escolar e possibilitou-lhes situações de ansiedades necessárias para o desenvolvimento psíquico por meio do brinquedo e o utilizou como facilitador da aprendizagem.

 

Resultados

Os resultados foram avaliados e, posteriormente comparados com a reavaliação efetuada após a intervenção dos professores no primeiro semestre de aula, isto é, após a realização das atividades propostas pelos professores.

Estabelecemos um contrato de diagnóstico com os sujeitos, de forma coletiva, propondo um encontro para a avaliação e mais 16 encontros de atividades lúdicas. Os encontros foram realizados durante o período escolar, marcados uma vez por semana, de preferência em um dia fixo, durante o período de uma hora e meia.

 

CASO 4

 

Figura 37 - Avaliação Figura Humana Caso 4

 Figura 38 - Avaliação Figura Casa Caso 4

 

 

 
 Figura 39 - Reavaliação Figura Humana Caso 4  Figura 40 - Reavaliação Figura Casa Caso 4

 

 

Discussão

Os resultados obtidos com os testes utilizados para avaliar a proposta de trabalho, utilizando técnicas corporais e lúdicas como facilitadoras do processo de desenvolvimento em crianças, apontam dois tipos de dados.

Dados quantificáveis resultantes do desempenho demonstrado após intervenção e os dados não quantificáveis, mas que podem ser transformados em hipótese a partir dos números apresentados nas técnicas e a qualidade do grafismo.

A discussão de dados, em nossa proposta, deve embasar-se na premissa Reichiana do uso do corporal associado às técnicas lúdicas como fatores de facilitação do desenvolvimento da criança. O referencial teórico aponta ainda que, na escola, o professor desempenha importante papel para que a criança desenvolva sua organização mental com o uso de situações, em que ansiedades, frustrações e prazer estejam presentes.

Os resultados deste trabalho, avaliados após intervenção, mostram que o produto da ação criativa transparece em aumento significativo de crescimento em grande parte de crianças da pesquisa.

As crianças dependentes tornaram-se mais soltas, independentes e seguras, para a busca do par nas brincadeiras. As mais agitadas puderam se acalmar, assim como houve crianças que melhoraram muito a autoestima.

Consideramos relevante essa premissa para a escolha dos brinquedos adotados nas atividades lúdicas, seguindo o percurso natural do desenvolvimento psíquico, que facilita o processo de descarga vegetativa e promove a consciência do esquema corporal.

Estar atento à seriedade do brincar de uma criança foi nosso objetivo. Esse brincar significa o reencontro com o seu prazer, e como forma de descarregar culpas, medos, ansiedades e emoções.

Esse é também um ato educativo pois a educação não se reduz à transmissão de um certo conhecimento, mas pressupõe encontro, em que o transmitido baseia-se no saber existencial, o qual é vinculador de ideais de ordem imaginária.

 

Conclusão

Como fazemos uma associação do fluxo libidinal com o brincar, estamos capacitando o organismo a ampliar sua capacidade energética.

Os resultados permitem reafirmar o brincar como grounding, pelo fato de cada brinquedo possuir sua carga energética e capacitar a criança a mobilizar conteúdos saudáveis inerentes ao seu processo de desenvolvimento psíquico. Como o brincar favorece o clímax dessa energia, essa descarga possibilita o bem-estar, trazendo uma sensação agradável e de alegria. O brincar é um agente facilitador para o processo de equilíbrio energético.

Esse processo pode ser vivenciado na escola se o papel do educador na relação psicopedagógica favorecer a expressão dos afetos e/ou emoções do educando, propiciando a liberação da capacidade respiratória e consequentemente da aprendizagem. Nesse sentido é fundamental que o professor passe por esse processo e reconheça em si a sua criança bloqueada e recalcada em um mundo sem significado, impedindo-o de desempenhar o seu papel como educador, que promova amor e alegria.

Como associamos que, no brincar está presente o nível de carga de energia, procuramos direcioná-la para o seu aumento, em busca de seu clímax, auxiliando um processo de descarga vegetativa, sem que necessariamente a criança precise mobilizar para a consciência os seus conflitos, mas possa favorecer uma sensação de bem-estar e de alegria. Com esse processo, podemos facilitar o amadurecimento psíquico e a integração do ego da criança e, dessa forma, estaremos propiciando o processo natural de autorregulação do organismo. Assim estamos intervindo no aspecto psíquico e somático, encorajando o sentimento de unidade do corpo.